2006-04-08

Diz-me o que comes e dir-te-ei quem és!

Sabe como curtir a vida, mas sem cometer exageros. É equilibrado e nunca quer mais do que pode ter. Busca sempre o caminho mais difícil, mas sabe superar as dificuldades.

Não se preocupa tanto com a beleza exterior e, sim, com a essência das coisas. Faz o estilo romântico e não troca um momento a dois por nada desse mundo. Gosta de manter o controle da situação e saber exatamente onde está pisando.É simples, realista e direto. Nada de rodeios ou frescuras.

Acredita que a felicidade está nas coisas simples da vida. Até gosta de morar na cidade, mas não se dá bem com a correria, o trânsito e o stress. Fica ruminando seus problemas por dias, sem conseguir resolvê-los.

A luta, essa, é eterna!

É que o estado de latência irrita-me profundamente. Fui feita e ensinada para não me calar, para barafustar, para reclamar, para lutar, para reagir ao minimo impulso. Até sei que essa minha caracteristica irrita muita gente que acha que eu devia ser mais contida, que eu devia amochar algumas vezes e tar caladinha, mesmo que tenha razão. Há até quem me ache ridicula por achar que ninguém tem o direito de atentar contra a minha liberdade. Mas meus amigos, temos pena! Foi assim que eu fui feita e ensinada e com muito gosto. Não me calo não, enquanto existir o minimo sinal de injustiça e de opressao eu não me calo! Faz-me comichão quem acha que a luta não leva a nada, que não pode levar a nada o uso da razão, o uso da justiça, o uso da verdade mesmo que o adversário seja maior.
Fazem-me comichão os que assistem a um atentado contra si proprios sem sequer se mexerem, quem reclama para o lado, quem sussurra baixinho. O que eu acho é que ainda não perceberam o mal que se fazem ao estarem calados, o tempo que perdem, a vida que perdem e também ainda não sabem o poder que tem a razão. Para mim vale sempre a pena, em todos os planos da minha vida. Mesmo que canse quando me sinto injustiçada, esse cansaço pode-me dar ainda mais forças e dá-me, com toda a certeza, mais motivos para dizer que não!
E não me venham dizer que eu posso mais que os outros, pois o ser humano quando sente na pele é capaz de reagir e tem mais força para gritar. Todos somos capazes e se não o fazemos é porque não queremos, é certo. Não leva a nada? Leva sempre! E isso está mais que provado em todos os capitulos da história!
Sai P'ra Rua

Tempo que perdes para decidir
Tempo que gastas sem arriscar
O espaço que te foge das mãos
As coisas que deixas passar

Sai p'ra rua, sai p'ra rua

Deixa o rebanho, pára de pastar
Esquece o conforto do lar

Tu sai p'ra rua
Tu sai p'ra rua

Só tu podes chegar a sentir
Qual a boa solução
Mas uma coisa é mais que certa
Tens que tomar posição

Sai p'ra rua, sai p'ra rua

Deixa o rebanho, pára de pastar
Esquece o conforto do lar

Tu sai p'ra rua
Tu sai p'ra rua

Letra e Música - Xutos & Pontapés

2006-04-06

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado

2006-04-05

Quando o fascista conspira na... sombra?

À comemoração dos 30 anos da Constituição de República Portuguesa eis que surge uma energúmena e lamentável cabeça que se levanta para dizer que a Constituição de Abril foi... um erro histórico. Lamentável é o facto de 7,6%, mais precisamente 416.415, dos Portugueses terem votado nesta cabeça para deputado.
Mas mais incrivel ainda é a TVI dar o Sr. Deputado Paulo Portas a dizer que a Constituição Portuguesa (o maior marco de Liberdade, de Democrácia e de Progresso resultante de Abril) é um enorme erro, durante quase 5 minutos de tempo de antena, mais do que qualquer outro Líder Parlamentar. Pior: fazer de um senhor que prima pelas ideias retrógadas, fascistas e elitistas uma noticia em vez de a noticia ser sobre o 30º Aniversário da Constituição Portuguesa.

É, no minimo, escandaloso!

Hoje Chove Dentro de Mim

Não lhe pedi, mas acho que não se chateia de eu o transcrever aqui.

Hoje Chove Dentro De Mim

Um estranho desconforto consome-me
como uma chama sedenta de arder.
Aqui, solitário, fechado dentro de mim,
Aqui, enclausurado entre o que serei e o que queria ser,
Vêem-me à cabeça postais desfocados
De outros lugares talvez encantados
Onde o sonho é tudo e é sinónimo de viver.

Mas aqui, dentro das quatro paredes
Da minha cansada e breve existência,
Todo o esforço de viver é trapézio sem redes,
Toda a ilusão é desmistificada em demência.
Chove. Continuamente. Mas chove dentro de mim.
Lá fora a noite é clara as pessoas passeiam pelo jardim,
Mas dentro de mim chove! Chove, e cada gota martela sem clemência.

Toda a quantidade de sentimentos, ambíguos ou objectivos
Correm dentro de mim confusos, como por um desatinado rio
Mas não têm foz onde desaguar e, no final, estão cativos.
Já revi toda a minha existência, reli-a integralmente, de fio a pavio.
Cansado, pousei o livro, por não conseguir aguentar.
Abri a janela na tentativa de, na aragem, me reencontrar
E lá fora, como vindo aconchegar-me do frio, a lua sorriu!

P. L. Burt Costa

2006-04-04

Os amantes sem dinheiro

Tinham o rosto aberto a quem passava
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.


Tinha como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.


Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos,
mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.


Eugénio de Andrade

Arctic Monkeys - Old Yellow Bricks


Rota de colisãO

Lá, entre o Sol e o Si